Sugestão de leitura

Máquinas Metabólicas (000)

Uma máquina

        metabólica

        movida

pela  mente

a       mente

        moldada

pelos padrões sociais.

Máquinas Metabólicas (001)  

Você tem que tá todo tempo  

Metabolizando – um alimento

- um pensamento

- um sentimento

- pedido de aumento

- um agradecimento

Por sua Língua

- uma palavra

Por sua Língua

- várias delas

sensorial o alimento

Mental o pensamento

No coração o sentimento

Com a caneta e papel, e também a prancheta

me põe fora dessa – que só estressa

O aumento de trabalho

ou é isso ou é o caralho

ou melhor o baralho

Máquinas metabólicas – abrigo e alimento

é só isso – sem divertimento

Ainda assim tá tudo certo

então  a Brahm, Jah, Krsna, Jesus, Maomé, Jeova, Alá… é só agradecimento.

Máquinas Metabólicas (002)

A questão – não é vender o Brasil (*¹)

A questão – não é Brasil mostra sua Cara (*²)

A questão – não é que País é esse (*³)

A questão é trocar:

- nossos corpos

- nossas mentes

- nossos intelectos

- nossas almas

Por um bocado de migalhas

Máquinas metabólicas – abrigo e alimento

O resto – pro espaço ao vento.

(*¹ Raul Seixas; *² Cazuza; *³ Renato Russo)

Máquinas Metabólicas (003)

Você tem o que te oferece

É pouco, tão pouco – que você esquece

Mas sem esse você adoece

E é tudo que você merece

O mínimo pra te manter

Funcionando pra labuta

É só isso pois você  

não sabe qual é a luta

A luta certa pra conquistar

Algo sólido pra melhorar

sua passagem neste Planeta

com uma  certa tranquilidade

Seja só, com alguém ou na diversidade

Máquinas Metabólicas – abrigo e alimento

é só isso, ou fome e relento

Máquinas Metabólicas (004)

De manhã cedo você acorda

mais cedo ainda se mora longe

é caminhada, buso lotado, no trêm mais ainda

Tudo bem – eu tenho carro – mas a rua é pequena

Na cabine escuto rádio, no smart vejo o caminho

Mas aqui dentro tô pilhado, não aguento mais essa mistura

eu não sei se é marasmo, ou é primeira e segunda

Da terceira eu não passo, o motor solta fumaça

solta fumaça pelo escapamento

Aqui dentro tusso tusso, coitado do meu pulmão

tô ficando sem oxigênio, logo logo tudo para

pois é ele responsável – responsável pela circulação

Circulação do sangue quente  

pois se ligo o ar condicionado, o carro fica gastão

no final do mês é de busão

pois não tenho gasolina pra ar não

Máquinas Metabólicas, abrigo e alimento

é só isso e agradecimento, não quero ouvir o seu lamento

Máquinas Metabólicas (005)

Em casa ligo a TV, os caras insistentes

querem imprimir uma idéia

uma idéia na minha mente

de consumo – consumo inconsciente

Sexta-feira é black fraude

ops, do friday do inglês

só se for pra Inglês ver

O consumo desnecessário

de algo novo que se torna velho

velho pelo apelo – apelo publicitário

Mas esses caras da TV

Igual a eles eu tenho que ser

No dos outros é pimenta

No deles é o que eles inventa

Tem premiação pra programação

e tem também pro Povão

Dá um real te dou um Milhão

Num é real e nem em dolar

É numa barra de ouro

Pra você guardar na sua arca

na sua arca do tesouro

Máquinas Metabólicas, abrigo e alimento

Num tô nem ai pro seu preju não

o Padre ou o Pastor que é o responsável

pra cuidar – cuidar do sofrimento

Máquinas Metabólicas (006)

E então com com minha peleja

caminho até a Igreja

E lá na igreja e o pastor

de cânticos e louvor

têm até banda de rock

que nem lá em Woodstock

com a maior afinação

é música de Jesus  

pra toda multidão

E o Pastor lá no comando

com as frases da Bíblia

Fala, fala e até grita

Tem também os comandos

Senta senta, levanta levanta – ajoelha

de doer vai levantando

pois ali não é lugar de ficar reclamando

Se você veio até aqui

fica quieto, ajoelha e vai rezando

E na hora da Coleta

dá a maior aflição

Se você não tem dinheiro

Tem Pix e maquininha – maquininha de cartão

Se o cartão tá estourado – num tem problema não

A gente divide até em dez

O importante pra nós – é fortalecer nossa missão

Mas que triste esse Mundão

Máquinas Metabólicas – abrigo e alimento

e o resto, se quiser vai no Convento

Máquinas Metabólicas (007)

No convento, não adianta ir lá não

pois lá é escola, escola de formação

Formação da Igreja 

da igreja lá de Roma

Então fica esperto e não bagunça

Pois esta Igreja secular não é a sua goma

Fica quieto ai  na Missa

O Padre a falar

a falar um montão

E na hora da comunhão

É só pra que fez o catecismo

Não é alimento,

alimento pra esfomeado não

E depois da comunhão

há um breve intervalo pra começar a oferenda

se você tá sem nenhum disfarça

e bem normal estar sem renda

Mas no final do mês não esquece  

é dez por cento do seu

é isso ou desaparece

tava até esquecendo, vai embora e

a Paz de Cristo Irmão

Máquinas Metabólicas – abrigo e alimento

é isso, ou - rua, fome, fumaça e relento

Máquinas Metabólicas (008)

Ai meu Deus esse homem, esse homem da farmácia

Quer vender tanto remédio

Quer que eu troque por alimento

Mas remédio não alimenta, ele é muito pequeno

Muito audaz a estratégia, mas meu estômago não convence

O meu bolso mais ainda, pois pra tal aquisição

ficarei sem dinheiro, sem nenhum tostão

Sendo assim doutor me diz, eu te dou esse papel

e você vai lá na farmácia, na farmácia do Governo

se for o caso é alto custo, fique tranquilo

aqui é Brasil, tem Sus pros sem falta de opção

pra ti e todo mundo, remédio num falta não

Vai passar a sua dor

Você vai trabalhar e encher o bolso

encher o bolso do patrão

Máquinas Metabólicas – abrigo e alimento

se doer fica tranquilo, um remédio eu invento

Máquinas Metabólicas (009)

Ai Senhor a minha esposa

eu enjoei da cara dela

mulherada não me quer

pois minha grana é curta

o que elas gosta é de passeio

entre outros e o dinheiro

Lá na casa de massagem

tem uma tabuleta – se tem dinheiro entra

se não vai pra sua casa, brincar com sua tela

No smart tem o suficiente

Isso eu concordo, tem pra todo gosto e categoria

você vai se saciar, 

de gratis e todo dia

Máquinas metabólicas – abrigo e alimento

diversão, de primeira classe, só pros jogador, pros patrão

Máquinas Metabólicas (010)

Tudo bem eu vou pra Rave

vou soltar os bichos a noite inteira

vou tomar anfetamina, bala, doce – cocaína

No outro dia no trabalho

Um vazio habita meu corpo inteiro

Vou me atirar da janela

Mas na frente só vidraça

Os bichos que me abrigavam

ocupavam este espaço

Eu agora quero sumir

sumir no espaço

Vou tomar diazepínico

vou dormir a tarde inteira

e depois quem sabe

eu esqueço desta bobeira

Máquinas metabólicas – abrigo e alimento

Essa de antecipar a morte – não liberta do sofrimento

Máquinas Metabólicas (011)

Fim de ano tô com dinheiro

eu recebi décimo terceiro

vou pro shoping com a patroa

e a filharada no meu carro

mas não sei o que acontece

já é bem tarde da noite

e o trânsito tá tão intenso e parado

o que acontece com essa cidade

num é só eu, tá todo mundo indinheirado

já tô na rua a um tempão

sem o shoping e muito menos

a praça,  a praça de alimentação

putz grilo meu irmão

vou comprar a pururuca e água

do vendedor no congestionamento

pois o shoping fecha às dez

e melhor que isso eu não sei

pois pra frente ou pra trás

tô que nem um caranguejo

eu quase naõ sai do lugar

eu quase não andei

Máquinas metabólicas, abrigo e alimento

fim de ano, liga a TV e a a assista a retrospectiva

é isso, pois se gastar um pouco mais

te inscrevo, te inscrevo na divida ativa

Máquinas Metabólicas (012)

Eu não sei o que acontece

é tanto calhorda nessa cidade

armando situação,

querendo prejudicar

e dessa forma levantar

uns trocados, pra pagar os seus pecados

peço a Deus proteção

para que esses indivíduos

que atravessam meu caminho

tenham comigo respeito

pois o que fazem ou deixam de fazer

não é problema meu

pois não estudei suficiente

pra passar no concurso do TJ

nem pra juiz, nem pra escrevente

dessa forma sigo meu caminho

e assim bola pra frente

Máquinas metabólicas – abrigo e alimento

A bem verdade é se resguarde, pois nas ruas

tá complicado, se vacilar é sua vida,

eles esquecem dos trocados

Máquinas Metabólicas (013)

Vou me libertar deste verso

A idéia era parar só no centésimo

Nos primeiros me diverti

Eu me via a ler, e alegre rir

E agora eu vejo nestes últimos

que situação, que situação tá este mundão

É tanta tristeza, tanta discórdia

tanta discórdia – meu irmão

Sendo assim vou olhar

com olhos de esperança

que hoje, amanhã e depois,

sempre haja muita bonança

Destas coisas que observo

vou tentar me desligar

ou desligar os veículos

que só miséria e contradição

estão a propagar

Sei que um esforço tremendo

pois eu nem sei se esse verso

ou se sou eu querendo

massagear meu ego

ou se sou eu querendo

dialogar com universo

paro por aqui então

Máquinas metabólicas – abrigo e alimento

não é só isso, são as palavras neste texto

e tudo que está no contexto

São Paulo, 12 de dezembro de 2024

F.AAAAA.MMM.

Filosofia Anárquica Moderna

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